sábado, 6 de novembro de 2010

Águeda - Roteiro

Turistas amigos que nos visitais

Vinde, vinde ver o que de tão lindo temos

Contemplai as belezas do Alfusqueiro

E a Trofa com o Panteão dos Lemos



Vinde ver maravilhas da Alta Vila

Onde há jardins e majestosa verdura

Vinde ver o tão lindo Souto do Rio

Onde a água é cristalina e há frescura



Venham amigos ver o Senhor dos Passos

Venham ver a Senhora da Soledade

Reparai como é tão linda a nossa igreja

Vinde ver, vinde e partis com saudade



Venham ver o nosso rancho, o Cancioneiro

A dançar com alegria e tanta graça

Venham ver como dançavam os seus avós

Com o mesmo génio, com a mesma raça



Agora subi ao adro e reparai

Nas escadas da Via Sacra, os painéis

É obra genial do pintor João Breda

A pintar Águeda com os seus pincéis



Venham ver a festa do Senhor dos Passos

Venham, vejam como linda ela é

Vinde, apreciai no acto do encontro

Homens de bem a cantar o Miserére



Vede do adro o que há em seu redor

Numa encantadora visão que não falha

De um lado a linda Quinta do Atalho

E do outro o palácio da Borralha



Mais um pouco p’ra Nascente reparai

Majestoso panorama nos enleia

Em Assequins lá no alto a Catraia

E na Bicha Moura a Vila Paulicea



P’ra Poente os campos frescos e viçosos

Onde há pampilhos, milho e azevém

O rio correndo, procurando o Vouga

Banhando o campo e Recardães também



Há também no adro uma biblioteca

Casa onde Manuel Alegre estudou

Foi essa saudosa escola primária

Que quando criança ele frequentou



Ainda a brasonado Casa do Adro

Destinada agora à cultura local

Alberga o Conservatório de Música

E é um património municipal



Ali junto está o Orfeão de Águeda

Com vozes cristalinas de encantar

São retalhos do coração de um povo

Habituado a cantar e rezar



Folclore, arte musical, lindas canções

Tudo isto nos encanta, nos detém

Quando ouvimos a nossa Orquestra Típica

Que é a alma do povo a cantar também



Quarteto de Concertinas de Águeda

É sem dúvida uma revelação

Tem músicas inéditas, fino gosto

É um verdadeiro prodígio em acção



Vinde comigo numa viagem linda

Serpenteando o rio até Bolfiar

Vinde ver o Alfusqueiro e Agadão

Juntarem-se para o Águeda reforçar



Um pouco mais abaixo a nora girando

Com seu chiar dolente que enternece

Onde chega o cheirinho da chanfana

Dos fornos fumegantes do Sobe e desce



Passando pela ponte ali mais acima

Vale a pena ir ver e apreciar

A bonita capela do São Geraldo

Onde o Povo seu devoto vem orar



E agora em direcção ao Caramulo

Ziguezagueando o monte, os eucaliptais

Reparai nas lindas vertentes do rio

Onde a beleza aí é mesmo demais



Vinde, tomai rumo agora à Piedade

E saboreai aí o bom leitão

Desfrutai da foz do rio Cértima

Onde há patos, achigãs e há pimpão



Passai por Perrães e ide até Fermentelos

Contemplai na pateira a sua beleza

Olhai os seus hotéis, olhai bem, olhai

Onde há pureza de ar e há natureza



Com os dons que a natureza lhe quis dar

Ela é sonho, é encanto, é magia

Do nascente tem o ar puro da serra

E a poente o cheiro a maresia



Há requinte, bem servir, delicadeza

Há pratos saborosos e bom leitão

Há pastéis de Águeda a servir de sobremesa

E os vinhos da Bairrada sempre à mão



Passando a Mourisca um pouco mais abaixo

O cabeço do Vouga cheio de glória

É o resto de uma cidade importante

Onde o Império Romano fez história



Também tem fama a ponte do Alfusqueiro

Que fez o diabo em troca de uma vida

Segundo a crença de um povo humilde e são

Numa lenda que nunca foi esquecida



Vale a pena ir também a Recardães

Para ver a sua igreja que é tão bela

Que tem tão rara torre triangular

E onde em tempos se baptizou Portela



Quero ainda referir nosso museu

Com o seu tão rico espólio legado

Pelo fundador Dionísio Pinheiro

À cultura de Águeda tanto dedicado



É assim a nossa terra tão bonita

Tudo isto e muito mais temos para dar

Voltai e contai sempre com nossos braços

P’ra de novo sempre vos abraçar



Braz dos Kiwis


© Braz dos Kiwis 1996 - 1998

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fernando Braz da Costa

Fernando Braz da Costa (Águeda, 1 de Fevereiro de 1932) é um poeta popular com grande parte da sua obra dedicada a cantar a sua terra. Entre as suas obras figuram Águeda que eu vivi, Os Lemos da Trofa e Poemas da Minha Lavra. Tem várias peças da sua obra publicados em jornais da sua região. Em algumas obras utiliza o pseudónimo Braz dos Kiwis.

Existiam alguns sites com os seus poemas. Neste blog apenas se recuperaram alguns.

O blog não tem qualquer ligação com o autor.