segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Fernando Caldeira

Fernando Caldeira foi grande Poeta

Escreveu comédias com muita mestria

Como "Mantilha de Renda" e "Varina"

Levadas à cena no "Dona Maria"



Ainda na Capital a "Madrugada"

Deixou o nome do Poeta bem gravada

Que interpretada ali por bons actores

Deixou o povo de Lisboa apaixonado



Foi Director do "Diário da Manhã"

Também Deputado às cortes três vezes

Ainda Governador Civil de Aveiro

E dirigiu o jornal "Tempo" alguns meses



Como redactor da Câmara dos Pares

Ele impôs o seu valor mais uma vez

Tendo sido nomeado em Março

De mil oitocentos e oitenta e três



Colaborou no "Diário da Manhã"

Sendo dele o seu Director literário

Trabalhando ao lado de Pinheiro Chagas

Grande colaborador deste Diário



No campo dramático foi notável

Deixando-nos "Medicas","Sara","Nantas"

Publicou "Sapatinhos de Cetim"

E ainda "Fló Fló" e obras tantas



Escreveu "Madrugada" e "Varina"

"Chilena", "Nadadores", " Missionários"

Publicou ainda "Mantilha de Renda"

E escreveu também Poemas vários



Colaborou no "Escola Popular"

Primeiro jornal em Águeda publicado

Escreveu nele, era ainda estudante

Poemas líricos que deram brado



Veio a morrer bem novo este Poeta

Que à Casa da Borralha pertenceu

Deixando-nos obras de grande valor

Que a historia de Águeda tanto enriqueceu

Águeda 1996


© Braz dos Kiwis 1996 - 1998

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Águeda e Marnel

Se Emínio não foste Águeda minha
Essa cidade romana tão falada
Que te importa toda a fama que ela tinha
Se as águias te traziam subjugada

Seriam os Celtas os Túrdulos ou os gregos
A fundá-la assim tão imponente
Como Talábrica aqui perto sepultada
A confundir o pensar de muita gente

É Coimbra desfazer o nosso sonho
Ali bem perto da vila de Condeixa
Foi aí que esteve Emínio Implantada
Porque uma lápide dúvidas não deixa

Assim cidade de Águeda e do Vouga
Comungando a sua história igual papel
Se Vouga nos pertence e tanto nos honra
A história de Águeda começa no Marnel

Mil anos antes de Cristo, o Marnel
Era uma terra bastante ambicionada
Os fenícios a procuram rio acima
Fazendo do rio Vouga sua estrada

Pelo seu grande valor dele falaram
Grandes homens de valor e grande fama
Dele falou Antonino Pio e Plínio
Ao evocar esta terra lusitana

Legiões de Roma por aqui passaram
Tantas vezes acampadas no Marnel
E quantos imperadores te visitaram
Fundando junto a ti castros a granel

Foi aqui que viveram grandes senhores
Com fama, com valor e valentia
Honraram-te Ero, Sousas e Ederquínas
E Eben Egas com a sua fidalguia

Nascido na desaparecida Aurunca
Era filho de Algira e Aires Manuel
São Martinho que foi cónego em Soure
E que foi chamado o mártir do Marnel

Almansor ministro de Hissen segundo
Com todo o seu poderio e grandeza
Ataca a igreja onde estava S. Martinho
Que foi confiada a ele por D. Teresa

Martinho foi capelão dos templários
Lutou com eles, nunca desvaneceu
Foi preso pelos tão cruéis Agarenos
E martirizado em Córdova, onde morreu

Fugindo às leis de Trava, Nendo Fernandes
A Guimarães, com bravura, vai lutar
Enfrenta Afonso sétimo de Leão
Fazendo Afonso Henriques triunfar

Ali começou a nascer Portugal
Com a ajuda desse homem tão fiel
Nendo Fernandes que foi grande senhor
Ilustre conde e Fidalgo do Marnel

Foi destroçando de Soult os sonhos seus
Que as milícias do Marnel fizeram história
Derrotam os franceses, matam Lameth
E ajudam Welesley a cobrir-se de glória

O Batalhão Académico de Coimbra
Por Francisco de Albuquerque comandado
Com tropas de Trant chegam a Serém
Juntam-se às do Vouga, lutam a seu lado

Napoleão sofre aqui mais um desaire
Deixa rasto de derrota onde chegou
As suas tropas recuam para a Galiza
E ser rei Soult foi sonho que passou

Vindos da Cruz de Mourouços, os liberais
Enfrentaram as tropas de D. Miguel
É episódio sangrento junto ao Vouga
Que veio fazer mais história do Marnel

A existência Celta de há milénios
Deixa por aqui passagem bem marcada
São os dólmenes a atestar uma verdade
que pelo Vouga ficou documentada

O mesmo aconteceu no Cértima e em Espinhel
Com seus dólmenes por ali espalhados
A marcar bem a sua presença ali
Desses povos já bastante civilizados

Castros havia por aqui espalhados
A desempenhar também grande papel
Como o Crasto, Crastovães e Cristelo
E ainda o afamado do Marnel

Imensos povos por aqui estiveram
Como fenícios, gauleses, germanos
Iberos, celtas, godos, árabes gregos
E ainda o grande povo dos romanos

Marnel, termo árabe que quer dizer
O mesmo que lamaçal ou alagadiço
E porque o mar ali o vinha beijar
Deu o nome a Lamas talvez por isso

A presença de areias, búzios e conchas
Que pela zona se notam tantas vezes
Vem comprovar que em tempos mais remotos
As ondas do mar chegavam a Lanheses

Os navegantes que por ali passaram
Na mira de negócios tantas vezes
Utilizavam grandes barcos talvez lanchas
E daí denominados os lancheses

Seria assim o seu primitivo nome
Lancheses, porto velho e acolhedor
Hoje uma pequena aldeia de Valongo
Com aspecto verde e encantador

Muitas vilas do Marnel tiveram fim
Mas o seu nome, esse não se esquece nunca
Como Arraval, Ferejanes e Melares
Belhe, Palatiolo, Paçô e Aurunca

Reminense Argimines teve aqui bens
Que legou ao mosteiro de Ferreirós
Entregou a religiosos de S. Bento
Que nesse tempo viviam entre nós

Bispo da Guarda, D. Martinho Pais
Um homem de valor e muito talento
Também teve aqui herdados alguns bens
Que os veio a legar a um convento

Mosteiro de Santa Maria, paróquia
Desse povo do Marnel que era cristão
Legou-o a S. Salvador de Viseu
D. Ederquina por sua devoção

Possuindo o Duque D. Gonçalo Mendes
Mesmo em Lamas um terço por quinhão
No ano de novecentos e oitenta e um
O entregou ao mosteiro do Lorvão

No ano de mil e setenta e sete
Era de Pelágio Gonçalves, o Marnel
Possível filho de Gonçalo Viegas
Militar que teve aqui grande papel

Em setecentos e onze os Agarenos
Atacaram com violentas fúrias
Vencem a batalha de Covadonga
E vêm formar o seu reino nas Astúrias

E galgando a Península Ibérica
Arrasando igrejas, praticando o mal
Atacam Recardães, Travassô e Lamas
E a igreja de Aguada, no Passal

Cercado de muralhas já seculares
Era tão lindo o Marnel e tão mimoso
Que tão encantado o autor luso épico
Lhe veio a chamar "Castro Formoso"

Até mesmo o D. Pedro das Linhagens
Que em Brunhido viveu no seu Paçô
Nos fala do Marnel nos seus escritos
Por ser terra que bastante admirou

O Marnel com seus outeiros verdejantes
Que um rio faz questão de vir beijar
Tem mesmo a norte terras de Mesão Frio
Que nome a Albergaria vieram dar

A igreja de Santa Maria de Lamas
Que pelos Agarenos foi arrasada
É reconstruída em mil cento e setenta
Pelo Bispo de Coimbra foi sagrada

Era em Roma de basílica apelidada
Pelas grandes riquezas que ela continha
Como as relíquias do sepulcro de Cristo
De S. Sebastião e Santa Marinha

Ainda as de Gordiano e Apímaco
Também do sepulcro de Santa Maria
Os do mártir Felicíssimo e Agapito
Tudo isto a igreja enriquecia

Emínio era uma extensa diocese
E muitas terras faziam parte dela
Como as de Coimbra, Seia e Vouga
E ainda a acastelada de Penela

As vias romanas de Plínio faladas
Que por esse grande povo foram feitas
Deixam marcas bem patentes no Reigoso
E nos marcos milenários das Benfeitas

A capelinha do Espírito Santo
Onde o povo vai rezar com devoção
Na presença Celta ou talvez romana
Já se praticava ali culto pagão

As relíquias de Gordiano e Apímaco
Que o povo de Lamas quis ceder
Deram início à igreja de Santa Cruz
Que D. Afonso Henriques mandou fazer


© Braz dos Kiwis 1996 - 1998